Em meio à crise com o presidente Jair Bolsonaro , o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar, decidiu romper o contrato com a advogada eleitoral Karina Kufa . A aliados, Bivar justificou ter havido “quebra de confiança” e sustentou que a demissão é inevitável. Na noite de terça-feira, a legenda convocou uma reunião emergencial na Câmara com deputados e senadores para avaliar os desgastes após a declaração de Bolsonaro a um apoiador para “ esquecer o PSL ” e para não divulgar vídeo sobre Bivar porque ele estaria “queimado”.
A crise entre Bolsonaro e Bivar ganhou contornos hoje com a declaração do presidente do PSL de que Bolsonaro já está afastado. “A fala dele foi terminal, ele já está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido”, disse ele ao blog da repórter Andréia Sadi, do G1 .
Karina nega a versão de ter sido demitida por Bivar. Segundo a advogada, ela comunicou ao PSL que não queria mais manter seu contrato com a sigla antes de qualquer decisão de Bivar. Karina justificou que o pedido de saída se deu devido ao conflito de interesses entre os dois clientes, o PSL e Jair Bolsonaro.
Nesta quarta-feita, a advogada enviou a Bivar uma notificação em que abre mão de sua atuação como defensora do PSL e substabelece os casos para outros advogados. No documento, Karina aponta que ainda tem valores a receber do partido. Desde que os conflitos entre Bolsonaro e o PSL começaram Karina repete que ficaria com o presidente.
Contratada pelo PSL, Karina Kufa ganhou a confiança de Bolsonaro pelo seu trabalho durante a campanha presidencial. Ela era responsável pela legenda no âmbito nacional junto ao ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência Gustavo Bebianno, que presidia o partido. Karina assumiu o controle jurídico da legenda após a demissão de Bebianno em fevereiro. Nos últimos meses, além de Karina, Bolsonaro passou a se aconselhar com o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga. Os dois se conhecem há anos.
O incômodo de Bivar com a advogada Karina Kufa foi um dos assuntos discutidos na reunião de ontem, na Câmara. Sem a presença de Bivar, o encontro ocorreu sob os comandos do vice-presidente da legenda, Antonio Rueda, e do líder do PSL na Câmara, delegado Waldir (PSL-SP), que faz parte do grupo de apoiadores de Bivar. O grupo de Bivar cogita nomes como o de Luciana Lóssio para substituir Karina Kufa. Na saída do encontro, Waldir afirmou que a bancada quer conversar com Bolsonaro, mas deixou claro que ninguém havia formalizado o convite ao presidente da República.
A tumultuada reunião acabou sem consenso. Na avaliação de apoiadores de Bivar, a declaração de Bolsonaro vitimizou o presidente da legenda, que se limitou a dizer que não sabia a razão do ataque. Na reunião, chegou a ser pedido que deputados assinassem um manifesto em apoio a Bivar. A ala bolsonarista se recusou, porém a maioria dos presentes se solidarizou com Bivar e considerou “desnecessária” a declaração de Bolsonaro.