O ano de 2020 tem registrado enorme volume de posts e links sobre supostas fraudes nas urnas e manipulação eleitoral no Brasil, e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teme que o caos do pleito nos Estados Unidos se repita na eleição brasileira de 2022.
Estudo recém-divulgado pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), com cooperação do TSE, mapeou e analisou postagens que questionam a integridade do processo eleitoral desde 2014 no Facebook e no YouTube.
O recorde foi em 2018, com 32.586 posts e vídeos sobre desconfiança no sistema. Em 2020, em nove meses, foram 18.345, superando 2014, ano de eleição presidencial.
A maior preocupação do TSE e de checadores é a circulação no YouTube.
O Facebook criou um centro de operações para eleições e aumentou a transparência de impulsionamentos. Tanto o Facebook quanto o Instagram exibem o aviso: “Informação falsa: checado por verificadores de fatos independentes”, com um link “entenda”, para a informação correta.
O WhatsApp, desde abril, aumentou a restrição de encaminhamentos para mensagens que estão viralizando e criou um canal de denúncias de contas que possam estar fazendo disparos em massa.
O Google, por meio do Google Notícias, reúne informações verificadas por agências de checagem e imprensa, e oferece informações oficiais em resultados da busca.
O Twitter anunciou sua política de integridade da informação e tem vetado o uso da plataforma para a manipulação de eleições, rotulando conteúdo que ameaça processo eleitoral.
Segundo Rondon e checadores, o YouTube não tem usado de forma eficiente alertas sobre informações falsas.
Um dos exemplos seria um vídeo da influenciadora Paula Marisa, candidata a vereadora em Canoas (RS), de que as urnas eletrônicas do TSE seriam feitas na China.
A informação já foi desmentida, mas o vídeo no YouTube não traz indicação disso.
Segundo Cristina Tardáguila, diretora-adjunta da Rede Internacional de Checadores de Fato, esse vídeo foi um dos conteúdos eleitorais mais visualizados do mês e, apesar de os checadores terem enviado a correção ao YouTube nesta terça-feira (10), o conteúdo continua sem rotulagem.
Procurado, o YouTube afirmou, em nota, que não teve “acesso prévio à íntegra do estudo em questão e, portanto, não temos como comentar a metodologia e os resultados”.