Bolsonaro se referiu ao caso recente de um menino da cidade de Catalão, no interior de Goiás, que quis comprar um relógio de presente para o tio no Dia dos Pais, já que ele o considera como pai, segundo a família. O dono não cobrou a criança pelo relógio e disse ao menino que seguisse trabalhando e então foi convocado a prestar esclarecimentos pelo Ministério Público do Trabalho. “Deus tem projeto na sua vida, que Deus vai te fazer um grande homem e que o trabalho dignifica”, falou o dono ao menino.
O presidente usou da oportunidade para levantar sua bandeira a favor do trabalho infantil. “Deixa o moleque trabalhar. Eu trabalhei, aprendi a dirigir com 12 anos. Molecada quer trabalhar, trabalha. Hoje, se está na Cracolândia [em São Paulo], ninguém faz nada com o moleque”, lamentou.
A youtuber mirim também defendeu “começar cedo” ao lado de Bolsonaro. Segundo Esther, seus pais trabalham desde crianças e ela diz ter começado como repórter aos 6 anos, algo de que teria orgulho. O presidente sorriu, brincou com a garota e voltou a reforçar sua posição, dizendo “deixa a molecada trabalhar”.
No Brasil, o trabalho só é permitido para adolescentes a partir dos 16 anos. O trabalho infantil é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que autoriza trabalho na categoria de aprendiz a partir dos 14. Antes da eleição para presidente, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro já defendeu que o ECA, que protege as crianças e adolescentes no País, fosse “rasgado e jogado na latrina”.
Durante evento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em agosto, o presidente também defendeu o trabalho infantil. Ele relatou que trabalhou em um bar aos 12 anos e disse: “Bons tempos, né? Onde o menor podia trabalhar”.